A economia solidária do pensamento utópico ao contexto atual: um estudo sobre experiências em Belo Horizonte
Economia solidária Belo Horizonte, Região metropolitana de (MG)
Jonas de Oliveira Bertucci, junho 2005
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Resumo :
A economia solidária, um movimento recente que tem se estendido em diferentes configurações por todo mundo nas últimas décadas, é freqüentemente tida como um suspiro do pensamento « romântico » dos socialistas utópicos. De fato, não se tem clareza sobre o que seria o próprio socialismo utópico, sendo que dentro desse estigma são incluídos diversos pensadores socialistas que escreveram antes de Marx e Engels, ou seja, antes do chamado « socialismo científico ». Se por um lado a economia solidária distancia-se da radicalidade revolucionária inspirada na prática marxista, tampouco pode ser taxada de socialismo utópico. Ela surge em um novo contexto histórico de evolução do capitalismo contemporâneo e deve ser compreendida dentro desse quadro, bastante distinto. A economia solidária, ao associar a autogestão e a « dádiva », traz uma proposta que nada tem do racionalismo que para Weber resulta no completo « desencantamento do mundo ». Assim, procuramos discutir nesta dissertação como a economia solidária pode trazer novos elementos para a construção de uma sociedade mais democrática e participativa fundada na solidariedade, com diferenças significativas em relação às outras formas de socialismo sugeridas, estudadas e praticadas até então. Tomamos como base de análise empírica para este estudo um conjunto de experiências desenvolvidas na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Após o debate teórico, apresentamos uma pesquisa ampla e geral, efetuada sobre 84 grupos dessa região, seguida de estudos de casos focalizando três cooperativas de economia solidária - Coopersoli, Conarte e Courosin. Procurou-se investigar essas experiências sobre aspectos políticos, econômicos e sociais.