O trabalho na economia solidária : entre a precariedade e a emancipação

A Economia solidária, na sua diversidade de formas e denominações, é um fenômeno mundial. Surgiu sob o capitalismo e se encontra nele intrincada. Mas caracteriza-se por uma dinâmica socioprodutiva que a diferencia, e a põe sob certo grau de contraste e tensão, com o mercado capitalista. Por outro lado, surgiu muito mais como estratégia de enfrentamento de processos de exclusão do mercado de trabalho (com a crise de emprego que se abateu sobre todo o mundo) do que como reação crítica ao modo capitalista de produção. Considere-se, ainda, que tais experiências vêm se constituindo a partir de condições extremamente adversas, situando-se nas franjas do sistema produtivo, reunindo pouco peso econômico, embora sinalizem para uma relevante importância social e política.

Diante de imposições tão fortes e, ao mesmo tempo, de potencialidades tão instigantes, é de se questionar: pode vir a ser capaz de se afirmar como alternativa ao capitalismo (embrião de um novo modo de produção)? Tem se colocado como alternativa viável de geração de trabalho e renda?

Entretanto – e essa é uma das mais importantes contribuições dos estudos aqui apresentados – superando posturas simplificadoras, se trata de buscar apreender, na diversidade de formas e sentidos com que se apresenta a experiência da Economia solidária, o que nela se manifesta, combinada e contraditoriamente, enquanto elementos de transformação social e de enfrentamentos de questões prementes de inserção ocupacional e geração de renda, assim como, na outra mão, enquanto formas de funcionalização à dinâmica capitalista: será que a Economia solidária tem sido capaz de, mesmo tendo sido motivada em boa parte pelas novas realidades excludentes do mundo do trabalho, ir além desses condicionamentos, constituindo-se em um fator de transformação social?