A psicologia na transiçâo paradigmática: Um estudo sobre o trabakho na Economia Solidária

Tese de Doutorado em Psicologia, Instituto de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,

Marilia Verissimo Veronese, aprile 2004

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Compendio :

A tese discute o trabalho na perspectiva da economia solidária, analisando as superações paradigmáticas que o campo propõe, as vivências dos trabalhadores e trabalhadoras dos empreendimentos solidários, a questão da subjetividade na contemporaneidade e da subjetividade ligada aos processos laborais. Seus principais articuladores teóricos são Boaventura de Sousa Santos, com a proposição da ciência pós-moderna, a transição paradigmática nas dimensões societal e epistemológica, os conceitos sobre a subjetividade, a heterotopia, a sociologia das ausências e das emergências, o campo do trabalho solidário, a necessidade de construir a psicologia como uma teoria crítica, tendo no topoi da emancipação horizonte importante; Fernando Gonzalez Rey e Felix Guattari, com as teorizações acerca da subjetividade, respectivamente compreendida como processo de produção simbólica de sentidos e produção coletiva, histórica e social que assume uma forma serializada na contemporaneidade capitalista; David Harvey, com as transformações do mundo contemporâneo e do trabalho; Zygmunt Bauman, com a noção de labirinto para representar o contemporâneo; Paul Singer, José Luiz Coraggio e Luiz Inácio Gaiger, com a história e a atualidade do campo da economia solidária; Euclides Mance, com a idéia de redes solidárias. A pesquisa consiste em um estudo de caso, cujos dados foram coletados por meio de entrevistas individuais com enfoque narrativo, grupos focais e observações da pesquisadora, a partir da experiência da Cooperativa Compras Coletivas. A análise dos dados seguiu as orientações da ferramenta teórico-metodológica de John B. Thompson, a Hermenêutica de Profundidade. Os resultados apontam para as grandes dificuldades encontradas pelos sujeitos que trabalham no empreendimento solidário. Embora identificados com formas alternativas de viver e trabalhar, percebem o processo de apropriação da autogestão como acima de suas forças; desejam diferenciar-se dos modos de gestão capitalista, mas experimentam a tentativa como um labirinto no qual se sentem desamparados e despreparados, autodepreciando-se e culpabilizando-se pelas dificuldades. Os modos de produção de poder são vivenciados como fixadores de fronteiras. Contudo, vislumbram possibilidades de recomeçar, mostrando que o campo apresenta potencialidade emancipatória, em que o coletivo permite a singularização de cada sujeito, que a partir dele se constitui, emergindo da prática concreta e inserindo-se na transição paradigmática. Mostra-se igualmente importante a participação da psicologia no campo, contribuindo no processo coletivo de apropriação dos modos de trabalhar solidários.