A economia simbólica da cultura popular sertanejo-nordestina
Tese (Doutorado em Sociologia)-Universidade de Brasília, Brasília
Elder Patrick Maia Alves,, 2009
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Resumo :
Este trabalho tem como horizonte temático as transformações ocorridas no âmbito da produção simbólico-cultural contemporânea, notadamente no que diz respeito às novas faces e fases do processo de industrialização do simbólico com as políticas culturais públicas. Diante dessa temática, a pesquisa buscou objetivar precisamente as interfaces entre determinadas políticas culturais públicas e o advento de uma nova formação discursiva (o repertório discursivo UNESCO) para a estruturação de um mercado de bens e serviços culturais bastante específico, ancorado fundamentalmente no valor social conferido à categorias como tradição e « autenticidade ». As interfaces entre os processos mencionados plasmaram uma rede de interdependências assaz complexa, integrada por distintos planos empíricos, tensões políticas e lutas culturais, além de processos intersubjetivos, como o consumo simbólico e a construção social do gosto. O objetivo do trabalho consiste, assim, em desvelar e compreender os principais eixos de tessitura dessa rede, composta simultaneamente por quatro processos: os impactos da intensificação do processo de industrialização do simbólico (hoje também digitalização do simbólico); o advento de uma nova formação discursiva em âmbito transnacional, tributária das lutas político-culturais em defesa da diversidade cultural, da identidade e das chamadas culturas tradicionais e populares, lutas essas marcadas pelas novas relações entre as categorias de cultura e desenvolvimento; a implementação de determinadas políticas culturais (como o Programa Cultura Viva e o Programa Nacional do Patrimônio Imaterial - PNPI), que atualizam e potencializam o valor social atribuído às categorias de tradição e « autenticidade », pondo em circulação alguns signos institucionais de distinção, como os pontos de cultura e o título de Patrimônio Cultural do Brasil, muitas vezes utilizados com objetivos políticos e econômicos; por fim, o consumo simbólico orientado pela busca da experiência de consumir bens e serviços culturais reputados como profundamente « autênticos » e tradicionais, como a literatura de cordel, os objetos de barro da arte figurativa e o forró/baião, presentes em determinadas linguagens artísticas, como o cinema, o teatro e a literatura. Esses quatro processos conjugados configuram a economia simbólica da cultura popular sertanejo-nordestina.
Fontes :
Repositorio Universidade Brasilia repositorio.unb.br/bitstream/10482/4109/1/2009_ElderPatrickMaiaAlves.pdf