O caso do assentamento Dom Tomás Balduíno, um estudo sobre a gestão do trabalho e das relações do trabalho no MST

São Paulo : Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, 2005. Dissertação de Mestrado em Administração.

Claudia Mayu Konuma, 2005

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Resumo :

O objetivo do presente estudo de caso é descrever como o “método de administrar” do MST, decorrente da racionalização realizada por seus integrantes sobre a problemática da produção no campo, gera condições humanitárias de trabalho, de produção, de trocas comerciais e de relações sociais. O estudo tem como unidade de levantamento e análise a gestão do trabalho e o processo decisório realizados no Assentamento Dom Tomás Balduíno e tem, como fontes de evidências, seus empreendimentos coletivos produtivos e de benefícios comunitários. Esse estudo constatou que o MST desenvolveu um “método” próprio, que se diferencia dos estudos tradicionalmente desenvolvidos pela área de conhecimentos da Administração, por pressupor que é possível transformar uma sociedade predominantemente capitalista em outra em que prevaleçam valores humanitários. Esse “método” envolve a organização funcional descentralizada de todo o Movimento, suportado pelo reforço educacional, capacitação técnica e prática nos valores humanitários, articulando a organização coletiva da produção com a atuação política dos participantes. O estudo verificou que as condições humanitárias e solidárias de vida conquistadas pelos trabalhadores em Dom Tomás resultam da interação entre assentados e militantes, estes responsáveis por introduzir no grupo a aplicação do “método de administrar”. Assim, crianças recebem educação e adultos passam a desenvolver visão crítica, a partir de reflexões teóricas e práticas, inclusive nos princípios cooperativistas. Como trabalhadores, ensaiam seus primeiros passos na autogestão de seus empreendimentos. As famílias começam a consolidar a integração de sua comunidade em função de uma visão de futuro semelhante. Constroem em mutirão equipamentos comunitários de aprendizado e de lazer, realizam o embelezamento das áreas onde vivem, desenvolvem atividades culturais e, principalmente, saem de uma situação de exclusão social para a de inclusão, inclusive, em sua dimensão política.